Eugene DELACROIX



Um dos artistas em que a experiência da viagem transformou a sua ótica fundada na ideologia orientalista francesa do século XIX que considerava “exótico” tudo aquilo que não fosse europeu, foi Eugene Delacroix (1798-1863) que em 1832 embarcou para o Marrocos com a intenção de documentar a viagem por meio de desenhos e cartas. 



Auto-retrato de Eugene Delacroix

Nos documentos deixados pelo artista encontramos em diversos pontos a preocupação em registrar, com a maior riqueza de detalhes possível, uma cultura marroquina sem idealizações, em meio às dificuldades impostas, como a proibição islâmica de desenhar a figura humana e problemas diplomáticos. 


Delacroix avaliava o ambiente com o olhar ágil e sagaz do artista, filtrando as características merecedoras de habitar a sua memória. Durante a experiência, o artista fica absorto na tarefa de registrar a exatidão da realidade, mas vinte anos depois de ter regressado da África, reconhece através do refazer das obras, que esse hiato de tempo foi benéfico para esquecer insignificantes detalhes e trabalhar com o que fora impactante e digno de ser representado (Guaraldo, 2011). 



O Sultão do Marrocos Mulay Abd-er Rahman, Eugene Delacroix, 1845, 1856 e 1862. 



Percebemos isso, nas três versões do encontro da comitiva francesa com o Sultão do Marrocos. A sobriedade do primeiro quadro vai passando por uma mudança até o terceiro, onde encontramos o avivamento das cores, sobretudo o vermelho e até uma certa alegria, as três fases da obra mostram que o olhar do artista, que era documental, transformou-se em uma homenagem ao Sultão e à tudo o que o artista vivenciou. 





Guaraldo, L. (2011). Delacroix no Marrocos e a Inversão do Exótico. Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História, v. 42, pp. 95-109. Retrieved from: https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/7975/5843


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